April 02, 2012

sem título

quando eu fizer 30 anos
lembrarei, letras miúdas, os amores não havidos
inaugurarei a máquina de fazer escrever
máquina de fazer pão
rádio

os 30 anos parecem discretos
narrativa errante
no quarto, o mundo espera o sol e os dentes nascem
os dentes só nascem
e o amor?

canção de pés
haverá hora de ouvidos afiados
tudo ilusão
lembrarei da minha mãe
quando eu fizer 30 anos

descobrirei algum poeta vivo
copiarei seus seis versos
e dormirei menos
e falarei menos
renunciarei os dois amigos

aquele anjo teimoso asa quebrada fantasia de quarta-feira de cinzas
pede balada na quinta 
delicadeza
bondade
vinho

rio cansado olhos derretidos
mas rio
palpitar de flor azul
era uma vez
poesia (inexplicável) da vida

3 comments:

Ellen Joyce said...

"Doçuras de Saulo"

thiê said...

renasce a cada sorriso que mostra, cada outro que arranca lá do fundo de todos os outros que te rodeiam, sorrisos que só te esperavam, sua presença encantadora, sua escrita de seda, leve e tão resistente.

Fabrício de Queiroz said...

Turbilhão de idéias de 30 anos, entre o azul e o escuro.

um abraço