September 15, 2011

ameixa

Deixa ele fazer uma barba mal feita para seu futuro.
Um blog para homenageá-lo.
Um vinil para torcer os pogobols ausentes.
Deixa ele quebrar o gelo e beijar as pontas dos dedos.
Deixa tudo ser pretexto para afiar dentes libidinosos.
Deixa ele falar da mãe.
Deixa ele perguntar se pode jazz no final de semana.
Deixa ele ficar sem chão, idéias, astros.
Deixa ele envelhecer.
Deixa ele fazer declarações para suas rugas.
Deixa ele planejar esse teto ao seu lado.
Deixa ele reconhecer seu armário.
Deixa ele falar mal do vizinho.
Deixa ele desejar um filho ou um cachorro.
Deixa ele ir.
Deixa ele voltar.
Deixa o devir.
Deixa ele louco na pista.
Deixa ele dormir até 2 da tarde. Até 3 da manhã.
Deixa ele mostrar quase tudo no seu colo.
Deixa a página virada.
Deixa um drops amassado de carinho.
Deixa ele repetir a história com a mão.
Deixa ele rir alto, à toa e seguir.
Deixa ele chorar mais tarde.
Deixa ele beijar seu enredo.
Deixa ele construir um barco e um rizoma.
Deixa ele comprar uma bicicleta.
Deixa ele lembrar da aula de natação e do primeiro conto de Caio.
Deixa ele em qualquer lugar dizendo onde você for eu vou.
Deixa ele fingir que gosta de poesia.
Deixa o mar, o silêncio e o bocejo dessa tarde.
Deixa a tarde anoitecer.
Deixa ele ligar o som e apagar a luz.
Deixa o cabelo crescer.
Deixa ele conhecer a Espanha.
Deixa ele escorregar no limbo, mas não seja perverso.
Deixa ele esfregar as ventas em seu torso.
Ameixa ele de propósito e deixa.
Deixa a vida reinaugura-se e tudo acontecer.

1 comment:

o botão do vestido xadrez said...

Me deu vontade de escrever...