February 08, 2018

Tanto tempo nesse esquizoesquema de repetição.

Eu poderia dizer do meu encontro-contorno-com Suzi, às 5 em ponto, ao nascer do sol.
Eu poderia contar sobre as mulheres-presentes fazedoras de curativos e chás,  às 5:15 (com 2 minutos e 2 segundos de tolerância porque somos macios).
Eu poderia fazer uma lista de esparadrapos e dizer que ela pertence ao caderninho amarelo do cara esquecido na esquina do cemitério, há mais de três meses.
Eu poderia estudar escritas de cadernos.
Eu poderia dançar um ruído (mistura de vento e voz da minha brisa).
Eu poderia colocar um colar, uma máscara e plantar bananeira.
Eu poderia pintar meus cílios antes de ler os 15 livros nesse carnaval (livros nem sempre necessários mas tão necessários) e (carnaval sempre carnaval).
Eu poderia desaprender escrever fragmentos e fazer uma história linhazinhazinha.
Eu poderia desmontar os avessos que construí, mas ainda não.
Eu poderia repaginar uma narrativa triste de ruptura, no entanto.
Eu poderia dizer outra vez sobre Dene (um coração explode na minha testa, ploc!).
Eu poderia dizer que comprei um estojo-melancia para Bia.

Eu quero, até a quarta-feira-de-cinzas, postar 
um poema-canção para ela-Bioca.
Eu customizo uma linha. Eu posso aprender a andar sobre ela e testar equilíbrios.
Eu preciso fazer um roteiro sobre um objeto não identificado.
Eu preciso escrever um desenho para o desenho de Kau.
Eu tenho dito sobre continuações, acúmulos e vazios desde 2001.
Esse texto agora, quando ele passou a ser escrito?
Há sempre um antes atualizando-se. Tenho essa impressão.
Impressão seta expressão.
Im/Ex-pressão – digital/espiral.
Meu corpo de agora é um corpo de antes, mas isso não tem a ver 
com causa-consequência.

Tem muito de hífen no meu corpo. Muitos dois pontos. Muita letra minúscula. Muito verso redobrado. Muito de Alice caindo no buraco. Há muitos futuros-furos-portas-janelas. 
Penso o futuro para fazer um instante-ar.
Eu digo futuro mas não se trata de uma tautologia.

O que eu tenho querido conversar com você é mais um sintagma de vaga-lume.
Um vaga-lume se multiplicando como um sintagma nas minhas costas, furando as costelas. Ele faz cócegas no meu tendão e fará.
Eu quero experimentar um corpo vaga-lume. Um corpo que não desconsidera meu corpo mortal e o potencializa em modos de operar o cotidiano pelo compasso da leveza. Um corpo de promessa que, no gesto da promessa, age.
Eu poderia dizer mais sobre leveza. Daqui a pouco, tá?
Eu poderia dizer, para finalizar esse arranjo de palavras entre a palavra tanto e a palavra que ainda não sei e sei, 
eu poderia dizer

qual-quer coisa que cresça entre as palmas do deserto,
qual-quer coisa que cresça entre as unhas da palma da mão, 
qual-quer coisa de pássaro na mão que acena,
qual-quer aceno que assenta,
qual chão que vaza e me permite caminhar e lavar meu corpo com sal e levar embora os filigramas de feridas até os baús no fundo do mar.

Só os escafandristas e bichos impensáveis terão acesso a esses filigramas.
Só os escafandristas e bichos virão.

Eu poderia. 
Eu possopoço. 

Uma amontoado de capim cresce.

Isso é muito, apesar de.
Eu digo eu e penso se não seria menos auto-? se o acoplasse a 
Maria e João, a tartaruga e você.

Você poderia você possopoço.

Para outro papo-post: cerrar as nódoas, de noitinha, dos nós – convocação amorosa traduzida em amizade de amizade.  

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