August 31, 2017

Diário de hoje: improvisei, com a letra verde, o diário de bordo de ontem. Ficou assim assim. Tá sendo difícil ler para os outros. Acho todo mundo muito louco aqui. Meu olho lacrimeja. Chego atrasado. As pessoas estão lendo seus diários-poemas. Tudo bonito, mas estou disperso (talvez o cansaço, talvez as despedidas). Ela leu um poema e pediu para que tirássemos palavras. Eu fiquei de olho fechado. Deixei passar o poema. Tão forte. Era sobre mortificações, territórios, resiliência. Ela me pediu para encontrar um significante entre mortificações e resiliência. Veio palmas. O que são palmas entre esses dois nomes? Os poemas que vieram foram pulsantes. Quantos poemas têm dentro de um mesmo poema? Estou farto e com frio. Estou querendo entre estar aqui e a minha cama. No final, li meu texto improvisado. Estou com umas vergonhas. Estou com uma ferida que não canso de cutucar. Estou numa bolha. Quero fazer poema em homenagem ao meu fígado e a nossos sovacos.  

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